sábado, 13 de abril de 2013

Da série "Pior, impossível": O pior cartunista do Brasil



Ziraldo, daqui a uns 70 anos, tentando rir de suas próprias charges.


Considero Ziraldo Alves Pinto o pior cartunista do Brasil muito antes de ele ter sido agraciado com R$ 1 milhão de reais, mais pensão vitalícia, pelas horríveis dificuldades sofridas durante a ditadura; muitíssimo antes de ele ter sido humilhado em público pelo Millôr Fernandes por esse exato motivo ("Então era investimento?"; Millôr, saiba-se, também foi preso mas se recusou a receber a grana); e megaantes de o próprio Ziraldo se comover, às lágrimas, com a morte do Millôr, seu mais ácido crítico.

Ziraldo não é o pior cartunista do Brasil pelo seu caráter duvidoso, mas por um motivo muito mais importante: nunca teve graça. Descobri isso quando comecei a ler o Pasquim, em 1969. Como eu tinha 13 anos e não entendia quase nada do que estava escrito lá, tratava de olhar as figurinhas. As figurinhas do Jaguar, do Henfil e do Millôr eram engraçadas. As do Ziraldo, tão bem desenhadas, não tinham graça nenhuma. Uma vez li no Pasquim: "Ele tem um desenhímetro, uma espécie de taxímetro que liga quando a agência de publicidade encomenda um trabalho". Enfim, quando eu tinha 13 anos já achava o cara o melhor desenhista sem graça do Brasil.

Mas, circa 1976, quando caiu a censura prévia ao Pasquim, eu já tinha 20 anos. Já tinha lido notas do Ziraldo dizendo: "Dá-lhe, general!", em apoio a um milico pateta que a oposição da época resolveu apoiar. E comprei, na banca em frente à ECA, uma edição do Pasquim com um editorial histórico do Millôr dizendo mais ou menos o seguinte: "Não se enganem. Não dá pra confiar em liberdade concedida. Se esse jornal for livre, será recolhido". Foi, exatamente pelo texto do Millôr.

Seus desenhos nunca tiveram graça, não têm e nunca terão. Isso é gravíssimo para um cartunista, principalmente se o cara desenha tão bem. O cartunista só tem duas opções: ou é genial na piada ou é genial na ideia. Nos dois casos, tem de detonar, destruir, derrubar poderes. Ziraldo sempre gostou de fazer o contrário: aplaudir, construir e levantar. Não é possível ser humorista assim.

Seus personagens mais famosos (o Menino Maluquinho, a Supermãe, Jeremias, o bom) eram completamente anódinos; nunca chegaram aos pés, por exemplo, do sadismo do Fradinho, do Henfil, do absurdo do Capitão Ipanema, do Jaguar, ou de qualquer coisa que o Millôr rabiscasse, desenhasse ou apenas pensasse. Ziraldo nunca foi bom na arte de pensar. Em suas fotos, está sempre franzindo a testa, provavelmente pelo esforço.

Juro, procurei mas não achei na web uma única declaração de amizade ou admiração do Ziraldo em relação ao Millôr antes da morte do segundo. Com o Millôr devidamente enterrado, Ziraldo danou a tecer elogios ao seu "grande amigo". Chegou a comparar o Millôr a Chico Anysio, algo como comparar o Descartes ao Zeca Pagodinho. Então eu pergunto: como é possível alguém tão cara-de-pau ser engraçado?

Ser engraçado é sempre ser do contra, não tem jeito. "Livre pensar é só pensar", dizia Millôr. Ziraldo nunca fez uma coisa nem outra, nem no texto, nem no traço.

Por exemplo, compare isso, do Ziraldo...



... com isso, do Millôr:

"Jogar xadrez aumenta a capacidade de jogar xadrez"



quarta-feira, 10 de abril de 2013

Da série "Pior, impossível": O pior poeta do Brasil



Vinicius de Moraes, muitos anos depois de ter sido estranhamente nomeado diplomata e no momento exato em que avistava uma garota qualquer de qualquer praia, em qualquer ano.


Reza uma lenda segundo a qual Vinicius de Moraes só não foi admitido no Partido Comunista Brasileiro (uma espécie de Rotary Club que fez muito sucesso internacional até novembro de 1989 e praticamente inaugurou o sistema de franchising ideológico no mundo moderno) porque, ao declarar "Sim, sou devoto do camarada Stalin e quero me filiar ao PCB", ele tinha tomado meia garrafa de uísque e sua voz embargada fez o Carlinhos Lyra, que tinha tomado a outra metade, ouvir "PTB".

A outra razão plausível é que o nosso "poetinha" (nunca um apelido foi tão carinhosamente cruel) sempre se interessou apenas pela bola da vez. Quando a moda era Ipanema, viva o barquinho. Quando era o pecezão, viva Stalin. Quando a moda era a Bahia, viva oxalá, xogum, a tonga da milonga, dona canô e quem mais desse espaço na mídia. O que quer que mantivesse o diplomata longe de países cujo cargo lhe obrigasse o uso de aviões era motivo para fazer um "poema".

Vinicius de Moraes foi o pior poeta que o Brasil jamais fez nascer. Só não é tão nefasto quanto o Oscar Niemeyer (o pior arquiteto do Brasil, segundo este próprio blog), porque poemas felizmente não são constituídos de concreto, nem mesmo os dos concretistas.

Primeiro, vamos aos fatos


O Brasil produziu alguns bons poetas, nenhum de renome internacional, é lógico, mas compare um achado como esse:
Uma faca só lâmina
sem adjetivos, seco e sem quase nada,
com uma estupidez tipo quero-comer-essa-mina-na-minha-frente:
Silencioso e branco como a bruma
com dois adjetivos em apenas 30 caracteres, algo que deveria ser proibido pela lei de qualquer país. A tal "bruma", que provavelmente se chamava Bruna, teria sido vista da sacada de um navio. Por que num navio? Porque o nosso "poetinha" era diplomata pago com dinheiro público mas tinha medo de avião. Só viajava de navio, e olhe lá. O país que se adaptasse aos seus diplomatas.

Agora, ouçam essa:

A Bíblia já dizia 
Pra quem sabe entender 
Que há tempo de alegria 
Que há tempo de sofrer
Como um idiota que escreve uma bobagem dessas pode ser chamado de poeta? Eu é que sou um idiota ou li Lautréamont demais?

Agora, vamos às consequências


Vinicius de Moraes não é o pior poeta do Brasil apenas por ter sido tão brega e pouco inventivo ao lidar com palavras. Ele foi o principal vetor de um mal muito mais grave: destruiu, com a mediocridade de suas letras, a única pálida expressão internacional de cultura popular que nosso país produziu: a bossa nova.

Do ponto de vista estritamente musical, a bossa nova fez o que devia ter feito: aprendeu o que pôde com o jazz e misturou com o samba. Criou algo relevante extra-fronteiras de Salvador, de Ipanema ou dos ministérios da cultura. Tivemos, brasileiros, a sorte de ter um Mané Garrincha pra fazer o cozido, o João Gilberto, um sujeito que, assim como o índio de Pau Grande, nada sabia sobre os russos, e portanto pouco se lixava para o jazz.

As letras de Vinicius de Moraes tornaram a bossa nova intelectualmente ridícula.

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar 
Voa tão leve 
Mas tem a vida breve 
Precisa que haja vento sem parar

Isso é tão boçal (em relação às complexas divisões melódicas do João Gilberto e aos bons achados harmônicos do Tom Jobim) que não é usado nem em propaganda da Casas Bahia.

Nossa sorte é que ninguém que importa fala ou entende português no planeta, razão pela qual a bossa nova conseguiu ser ouvida. O português é a quarta ou quinta língua mais falada no mundo, mas ninguém a aprende em lugar nenhum. Ainda bem. Teriam de aprender lendo as enganações tipicamente cariocas do nosso grande "poetinha".

Vinicius de Moraes era sobretudo um oportunista quase pedófilo. Fazia parcerias conforme achava que lhe garantiriam alguma notoriedade ou menininhas da vez. Trocou de parceiros à farta. Sua pior fase, na qualidade de pior poeta e maior assassino musical do Brasil, ainda estou em dúvida se foi com Baden Powell ou Toquinho (dois grandes savants instrumentais, por isso mesmo incapazes de duas coisa: de saber amarrar os sapatos e de saber que estavam entregando seu talento natural a um oportunista, como a criança que compra pipoca com drogas na porta da escola).

O cara era o pedófilo perfeito. Tão talentoso como pedófilo que suas vítimas nem sabiam que eram crianças. Enganava artistas de verdade, músicos. Artistas são crianças, não pela inocência, mas justamente pela crueldade. Mas como é fácil enganar um artista! Ofereça uma pipoca qualquer e qualquer Louis Aragon aceita, alegremente.

O fato de Tom Jobim ter se livrado de Vinicius de Moraes tão precocemente ainda não foi notado, esclarecido nem documentado. Alguém deve ter alertado o músico, mas não sei nada sobre isso.


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Da série "Pior, impossível": O pior arquiteto do Brasil



"Estou pouco me lixando para o cliente", disse o arquiteto do pavoroso Memorial da América Latina


O nome do pior arquiteto do Brasil é Oscar Niemeyer. Pode ter sido um escultor célebre mas foi um péssimo arquiteto.

Numa entrevista à televisão, ouvi o Niemeyer falar o seguinte: "Estou pouco me lixando para o cliente. Eu desenho formas no espaço".

Para um escultor, é uma excelente definição do próprio trabalho. Para um arquiteto, é um desastre.

A diferença entre escultura e arquitetura é que a primeira não precisa prestar contas a ninguém e a segunda é escrava da sua função. É equivalente à diferença entre literatura e jornalismo, física e engenharia, pintura e design, biologia e medicina, matemática e contabilidade, filosofia e... bem, filosofia não tem nenhum equivalente prático que me ocorra.

É óbvio que as atividades técnicas têm relação íntima com seus equivalentes "puros", assim como há todas as evidências de que a arte e a ciência não são tão puras assim, uma vez que estão inseridas em contextos históricos e blá e blá e blá. Aqui estou falando das técnicas, ou seja, as técnicas devem muito à ciência e à arte e é muito bom que se inspirem nelas. Quando um jornalista consegue ser poético informando, é uma bênção. Quando um arquiteto projeta uma escultura habitável, também.

Da mesma forma, quando um pesquisador médico consegue descobrir a cura de uma doença graças à teoria da evolução também é ótimo. Tanto é assim que as descobertas atuais sobre o comportamento dos vírus "nocivos" se deve a uma investigação que estava pouco se lixando para as doenças humanas: a teoria da seleção natural. Darwin queria saber como a vida funciona e ficou tão surpreso com a consequência da própria descoberta (Deus não existe) que, por medo da mulher devota e chata, escondeu seus achados do mundo até um pouco antes de morrer. Dizem que ele só resolveu publicá-los por vaidade, uma vez que um outro cara estava quase chegando lá e ia ficar com a fama.

A prova de que Niemeyer era um arquiteto medíocre está construída pelo mundo, em concreto armado. Pode-se admirar suas obras nas fotos, mas experimente usá-las. Uma lenda de Brasília conta que o general Garrastazu Médici dizia o seguinte sobre o palácio da Alvorada: "Essa casa é uma merda. Se alguém frita um bife na cozinha, sinto o cheiro no quarto de dormir".

A anedota me foi contada como uma prova de que o general em questão era culturalmente limitado e insensível como um general. Mas sempre entendi que o milico tinha razão. Quando eu estava no colegial, fui à casa de um amigo filho de um arquiteto famoso, mais ou menos herdeiro da filosofia do Niemeyer. A casa era formal e conceitualmente ousada (na época estava na moda o concreto aparente e ambientes abertos e integrados), mas impraticável para uma família típica da classe média, como era, no final das contas, a família em questão, ou seja, os tais clientes eram a própria família do arquiteto.

Por exemplo: os jovens da família tinham de fumar maconha no telhado, pois os cômodos da casa eram separados por meias-paredes. Meu amigo também não tinha onde ouvir seus discos de rock, pois o pai, tão moderno na arquitetura, detestava a música dos filhos. A casa era tão inviável para se morar que a própria família implodiu. Os pais se separaram e a mãe se mudou correndo, com os filhos, para uma casa com portas, paredes e janelas. A mãe entendia que um adolescente só se sente livre quando está trancafiado em seu quarto.




Um dos fundadores dessa escola do concreto aparente e meias-paredes foi um arquiteto chamado Vilanova Artigas, um dos criadores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU) e autor do belo projeto da própria faculdade. Belo mas, como escola, uma merda. No andar superior, me lembro ser impossível dar ou assistir aulas. Primeiro porque as malditas meias-paredes faziam vazar o som de uma sala para outra. Segundo, porque o belo teto de abóbodas translúcidas deixavam entrar luz (pois não há janelas na FAU, vejam a foto) e também amplificavam tanto o som da água quando chovia quanto o calor quando fazia sol. Uma construção sem a menor preocupação térmica, acústica e, portanto, pedagógica.

Outros exemplos de arquitetura sem noção são as obras públicas do Niemeyer. O Memorial da América Latina, de São Paulo é o pior espaço público da cidade. Um enorme cimentado sem árvores, sombra, bancos ou qualquer conforto humano. O cara tinha essa mania: tirar qualquer coisa que pudesse "atrapalhar" a visão de suas maravilhosas e sinuosas "formas no espaço", baseadas nas "curvas da mulher e da natureza cariocas". Foi assim, "pouco se lixando para o cliente", que projetou uma coisa desagradável e horrenda (nesse caso, também do ponto de vista estético, pois aquela assustadora e gigantesca escultura de uma mão sangrando com forma de América Latina é de um realismo socialista tão brutal que dá medo).

Aí que está o ponto: o grande cliente do Niemeyer sempre fomos nós, pois a maior parte de suas obras são públicas. Burgueses com grana pra pagar seu cachê raramente o contratavam. No fundo, o stalinista Niemeyer estava pouco se lixando para nós, e no entanto foi enterrado como um herói do povo.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

As 30 famílias que mandam no Brasil




Conde Matarazzo, cuja família já mandou no Brasil.



 Tive oportunidade de conhecer e ficar amigo de um dos herdeiros de uma família muito importante, conhecida e poderosa no Brasil, influente há décadas, não importanto regimes e governos.

A hipótese de que algumas famílias mandam no Brasil sempre me causou curiosidade. O motivo é o seguinte: não é possível que um país deste tamanho seja governado pelos políticos, muito menos pelos eleitores que os elegem. Tampouco pelos juízes ou pelos meios de comunicação.

Um belo dia, tive a ideia de fazer a esse amigo uma pergunta direta: "Quantas famílias mandam no Brasil?"

Não perguntei sobre política. Minha hipótese era que tudo que os políticos fazem de relevante é cumprir ordens de um conjunto de grupos de interesses (que eu chamei de "famílias"). O que for irrelevante os próprios políticos resolvem. Uma leizinha aqui, uma maracutaia ali, nada disso é realmente relevante. Do ponto de vista dessas famílias, a única coisa que se espera dos políticos é manter a ilusão de que nos governam, ilusão esta que deve ser disseminada para o povo, para a mídia e para os próprios políticos.

Outra coisa que sempre me irrita e jamais me comove é o queixume da classe média (especialmente a paulistana), baseado na crença de que o Brasil é dividido, de um lado, por uma corja de políticos corruptos e funcionários públicos vagabundos e, de outro, por empresários empreendedores e trabalhadores honestos. Trata-se de uma estupidez, pois quem corrompe os políticos são justamente os empresários, para enorme benefício dos segundos, e ponto final.

Para as tais famílias, o que então é relevante? São coisas grandes do tipo: o regime político (pode ser qualquer um que mantenha a propriedade privada), a macroeconomia e o nome do gerente-geral, que também é conhecido como presidente da República.

Concluí que essas coisas importantes deveriam ser decididas em alguma espécie de clube. Não que fosse um clube compacto e coeso. Seria mais plausível que os membros do clube muitas vezes discordassem e competissem entre eles, mas que, em momentos decisivos, telefonassem uns aos outros e tomassem as grandes decisões. Também acontece de tomarem decisões desastrosas e depois serem "obrigados" a consertar a coisa de qualquer jeito.

Que tipo de coisas eles governam?


Exemplos de decisões relevantes na história recente do Brasil, usando só eventos políticos como exemplo:
- implantar a ditadura militar em 1964
- encerrar a ditadura em 1985
- impedir o PT de ganhar as eleições em 1989
- deixar o Lula ganhar em 2002 e governar por quanto tempo quiser.

A retirada da Constituição da restrição aos juros bancários, em 2003, foi um exemplo de como as coisas acontecem. Se tiver curiosidade, veja os detalhes aqui, neste blog.

Exemplos de problemas irrelevantes:
- a segurança pública
- o número de ministérios
- a carga tributária
- o desmatamento da Amazônia (e a emissão de CO2 e quase todas as questões ecológicas)
- o julgamento do mensalão
- a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara
- enfim, tudo o que a classe média paulistana acha que "atravanca" o progresso do país. 

Parece teoria conspiratória, daquelas de filme americano onde "as mãos invisíveis do Sistema resolvem tudo e não há o que o nosso herói possa fazer". Acontece que a teoria era conspiratória mas deixou de ser depois da tal entrevista e além disso, convenhamos, não temos heróis.

A resposta


Foi por isso que fiz a pergunta ao meu amigo com esses termos: "Quantas famílias mandam no Brasil?"
"Umas 30", ele disse, com a maior naturalidade.
"E a sua família está nessas 30?"
"Já esteve. Hoje tá meio na beirada..."
Senti um tom levemente maroto, embora sincero, na última resposta.

Obviamente fiquei perplexo, não pelo número, mas pela imediata concordância com minha tese: de fato, um grupo de famílias manda no Brasil.

Mas não fui jornalista na ocasião. Não tomei papel e lápis ou gravador e perguntei: "E quem são essas famílias? Me dê nomes". Fiquei tão feliz com a comprovação da hipótese que esqueci de perguntar os detalhes. Na verdade, não fui jornalista porque o cara é meu amigo e jornalistas não têm amigos. Quando um jornalista faz amizade com uma fonte (ou mantém a amizade depois de entrevistar um amigo), algo de errado aconteceu.

Ele poderia ter dito que que não há um grupo de famílias, que tudo se resolve dentro do complexo jogo político, ou dos lobbies, da relação de forças sociais e econômicas ou de qualquer outro jeito. Mas eu perguntei especificamente sobre famílias. E ele respondeu que sim, um grupo de famílias decide o que realmente importa. Esse grupo muda com o tempo, algumas famílias são alijadas, outras incluídas, nada é formalizado, mas que as há, sim, as há.

Então tratei de imaginar a composição do clube, fazendo uma conta menos pela participação dos seus negócios no PIB e mais pela sua importância estratégica para fazer esse país-continente funcionar sem deixar que as coisas relevantes escapem às suas mãos.

A composição do clube


Ficou assim:

- Empresários: 7. Cuidam dos produtos, dos serviços e dos empregos formais.
- Fazendeiros (donos de agronegócios): 5. Cuidam da comida.
- Banqueiros e afins: 5. Cuidam do dinheiro.
- Mídia e comunicações: 4. Cuidam de divulgar as decisões da turma e fazer tudo parecer um grande jogo.
- Comerciantes: 2. Cuidam da distribuição de produtos.
- Construtores: 3. Cuidam das estradas, usinas de energia elugares para se viver e morar.
- Políticos: 3. Cuidam de evitar que o povo atrapalhe as decisões da turma, controlando as votações no congresso, a polícia e demais funções públicas.
- Presidente da República: 1. Põe a cara pra bater. Se sair da linha por qualquer motivo, é demitido, pede demissão ou se mata. Se for amado pelos povo e mantiver as questões relevantes inalteradas, será mantido no poder por décadas e décadas.

Você deve estar perguntando: mas, e as multinacionais? E a CIA? E o demônio?


Ora, eles agem através dessa turma, é simples assim.

A outra pergunta seria sobre os militares, que governaram o país durante tantos e tão recentes anos.

Convenhamos, o exército brasileiro não participa como protagonista de uma única guerra desde a Guerra do Paraguai. Nos últimos 50 anos, só deu tiros contra os próprios brasileiros, mas isso a mando das 30 famílias, uma vez que, em 1963, o Tancredo Neves não foi convincente como primeiro ministro e a coisa parecia estar escapando ao controle. Além disso, ditaduras militares estavam ou em breve entrariam na moda na América do Sul. Tem mais: tente explicar, de forma plausível, por que os militares brasileiros entregaram o poder de maneira tão pacífica. Foi porque não gostavam mais do poder ou porque receberam uma ordem para voltar aos quartéis?

Concluindo, se você está indignado com alguma coisa, faça barulho, organize um movimento, lute como for necessário e batalhe até o fim pela vitória. Se o seu projeto não alterar ou prejudicar os interesses contidos nos Assuntos Relevantes das 30 famílias que mandam no Brasil, boa sorte.