segunda-feira, 31 de março de 2014

Morte aos torturadores. Lenta, segura e gradual.

Tem dois tipos de figurino de que procuro manter distância: batina e farda.

No dia do golpe, eu tinha sete anos. Sem entender coisa nenhuma, eu e meus irmãos recebemos bandeirinhas do Brasil na escola (o Externato Pequenópolis, no bairro Brooklin) e assim voltamos para casa, alegres. Foi o que o reacionário casal dono da escola planejou.

Quando chegamos em casa com as bandeirinhas, um choque. Minha mãe, chorando e desesperada ao telefone, procurando saber onde estava o meu pai.

Não me lembro do dia em que tomei consciência de que vivia sob uma ditadura pavorosa. Acho que foi aos 11 anos, em 1968, um ano simbólico e mágico mas que objetivamente não venceu nada. De Gaulle continuou no poder na França, a guerra no Vietnã prosseguiu e aqui no sul do planeta ditaduras eram plantadas como batatas. No nosso caso, fardados psicopatas sanguináreos e corruptos sustentados por empresários e mantidos pela lógica da guerra fria começaram o terror.

A maioria dos serial killers fardados morreu em paz, sem nenhum constrangimento. Viraram nomes de ruas, avenidas e viadutos.. Alguns torturadores continuam vivos e soltos. Este é o único país da América do Sul que nem tentou prender seus criminosos. Essa é uma vergonha colossal, muito maior do que a derrota na copa de 50.

A nossa independência foi promovida por um português. A nossa república foi proclamada por um milico. O fim da ditadura "perdoou" os ditadores. Que merda é essa?

A Comissão da Verdade é uma ótima ideia, pois mantém luz, mas é pouco.

Enquanto houver um único torturador livre não diminuo minha vergonha de ter nascido aqui