terça-feira, 21 de outubro de 2014

O VOTO INÚTIL - teoria e prática






Quando eu era bem jovem, havia dois partidos, ambos criados pela ditadura: a Arena (que virou PDS e depois DEM etc) e MDB (que virou PMDB etc). As tendências de esquerda da USP, com exceção daquela da qual eu fazia parte, mandavam a gente votar nos candidatos do MDB. Era o chamado "voto útill", ou seja, vamos votar no menos pior.

Nunca votei no MDB. Nunca elegi nenhum governador, nenhum presidente. Nunca votei "útil". Votei no PT até o PT divulgar a Carta aos Brasileiros, quando ele se igualou ao PSDB, com a imensa vantagem de ser popular, ao contrário dos coxinhas arrogantes de Higienópolis (bairro de São Paulo cujo nome tem como origem "higienização", podem pesquisar).

A prática da teoria do voto inútil é simples: faça o que quiser: vote na Dilma, no Aécio, em branco, nulo, nem vá. Tudo isso será absolutamente inútil para você, eleitor. O bolsa-família será mantido, o superlucro dos bancos e das corporações será mantido, você continuará fodido, se não for superpobre ou super-rico. Ponto.

Sabe por quê? É porque o Brasil não está dividido coisíssima nenhuma. Poucas vezes na história territórios, culturas ou crenças estiveram realmente cindidas, divididas. Pensem nos últimos dez mil anos. Quantas vezes realmente ideias diferentes de como lidar com a natureza, as riquezas e os seres humanos estavam em jogo? Poucas. Agora pensem nas diferenças entre PT, PSDB, PS(D)B etc. Bullshit. Recentemente aconteceu na Rússia em 1917 e olhe lá e olha só no que deu: numa machadada na cabeça do Trótski.

Alguém imagina o Aécio, de posse de uma lâmina, procurando a cabeça da Dilma? Não. Vai procurar uma superfície de vidro pra fazer coisa melhor com a lâmina.

A teoria é um pouco mais complexa e eu não tenho a competente complexidade para explicar, mas sei que o voto obrigatório é uma aberração evolutiva. Cito Darwin porque ele é um dos dos quatro grandes gênios dos últimos 200 anos (ele e mais o Marx, o Freud e o Einstein, os quatro que tiraram o estúpido ser humano do centro do mundo) e porque não consigo imaginar uma função para o voto obrigatório nem nas formigas.

Um comentário:

Túlio Macedo disse...

O voto obrigatório é uma democracia forçada. Com o fim dele imagino que os trabalhadores iriam ter dificuldade em conseguir liberação no emprego para votar. Imagino que no Brasil o fim do voto obrigatório provavelmente iria eleger uma plutocracia.